TERRAS RARAS: O Brasil Sentado Sobre o Futuro (Autoria: Carlos Alberto Tavares Ferreira)
A nova geopolítica não se medirá em barris ou barragens, mas em nanogramas
O mundo atravessa uma transformação estrutural em sua matriz produtiva e energética. A descarbonização da economia, a digitalização dos sistemas e a militarização de fronteiras tecnológicas têm um denominador comum quase invisível, mas absolutamente estratégico: os elementos de terras raras.
Esses 17 metais pertencentes ao grupo dos lantanídeos, incluindo o escândio e o ítrio, estão presentes em aplicações vitais para o século XXI: Turbinas eólicas de ímãs permanentes, motores de carros elétricos, baterias de lítio-ferro-fosfato, sistemas fotovoltaicos, catalisadores industriais, dispositivos ópticos, sensores de alta precisão, lasers médicos e tecnologias aeroespaciais. São insumos indispensáveis tanto à segurança energética quanto à soberania digital das nações.
Hoje, a China detém mais de 85% da capacidade global de refino de terras raras, o que lhe confere uma posição hegemônica e vulnerabiliza cadeias industriais inteiras no Ocidente.
A União Europeia e os Estados Unidos já classificaram esses elementos como materiais críticos para segurança nacional. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Fórum Econômico Mundial (WEF) apontam as terras raras como insumos de alto risco geopolítico e estratégico, em razão da concentração da oferta e da crescente demanda impulsionada pela transição energética e tecnológica.
O Brasil, no entanto, senta-se sobre um ativo ainda subvalorizado. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), há potenciais reservas economicamente viáveis em Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Bahia, Mato Grosso e No Estado do Paraná, com destaque para o complexo carbonatítico de Araxá (MG), um dos maiores depósitos de monazita e bastnasita do mundo.
Além disso, jazidas como a de Serra Verde, em Minas Gerais, já iniciaram produção e exportação em escala, abrindo espaço para um novo protagonismo brasileiro na cadeia global desses elementos.
O desafio não é apenas extrair, mas refinar, separar e agregar valor tecnológico às terras raras. Isso exige domínio técnico, política industrial, marcos regulatórios modernos, infraestrutura para P&D e mecanismos de compliance ambiental e social. A janela de oportunidade é estreita e estratégica.
Nesta edição, mergulhamos nos dados, nas tensões geopolíticas e nas potencialidades brasileiras que envolvem esses elementos fundamentais.
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Por: Carlos Alberto Tavares Ferreira 🌱💧 Fundador da Carbon Zero
